terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ditadura do Ótimo

Ontem mesmo estava me olhando no espelho e achei-me magro. Aliás, reparando bem, tudo que tenho feito nos últimos dois anos é perder peso. Também, é compreensível, muito estudo e algumas baladas me deixaram sem tempo de sobra para treinar adequadamente. Sem falar que no último mês estive parado.
Com isso fiquei pensando que fosse tempo de reatar a velha forma. Daí me vieram algumas idéias que me incomodaram, vejam se acompanham e concordam.

Tinha um professor o qual usava uma expressão até meio recorrente -- já a ouvi em outros lugares--, “ditadura do ótimo”, querendo dizer que hoje não adianta ser bom, tem que ser ótimo. É uma expressão muito adequada.

É difícil apontar com precisão a causa disso, alguns dizem que a mídia impõe um padrão de beleza a ser seguido. Não é bem por aí, tais padrões sempre existiram na história da humanidade, mudam com o tempo, mas sempre existiram. A diferença é que hoje, o homem é mais pressionado a seguí-los do que antes. Não vou ficar analisando a sociedade atrás das causas e agravantes dessa “ditadura do ótimo”, pois não sou nenhum antropólogo e posso acabar dizendo besteira, quero usar exemplos mais subjetivos.


Sair na noite, principalmente lá em Ribeirão, era o mesmo que dizer ver uma galera excessivamente bonita, bem arrumada, gastando com bebidas, por vezes caras. Ou seja, não diz respeito só à beleza, tem que ser bonito, ter corpão, estar bem arrumado ser bem sucedido e ostentar. É como se a noite viesse pra você e dissesse: “Compre roupas caras! Se arrume! Vai Malhar! Vai ser alguém na vida!”. E querendo ou não, as pessoas se sentem impelidas a isso.
Se o problema fosse só esse tudo bem, mas no dia seguinte temos que ir à escola, no meu caso, o COC, e aquilo parece mais um desfile de moda (por isso que eu sou a favor de uniform
es, mesmo para salas de cursinho). Na TV só gente bonita. Numa entrevista de trabalho você tem que estar bem vestido, ter um excelente currículo. E é assim em todo lugar.

Tenho outro exemplo ainda mais subjetivo. Não sou nenhum Don Juan, mas até dá pra dizer que faço algum sucesso entre as garotas, mas quando eu era magrelo, cabeludo e cheio de espinhas na cara eram poucas as que me queriam. Mas que porra, é o mesmo Rodolfo!

Parei no último parágrafo e reli o que escrevi, tenho esse costume. Devo fazê-lo ainda mais uma vez antes de postar. Até agora me pareceu um discurso de um indivíduo oprimido pela sociedade opressora. Mas é aí que entra a pior parte do meu pensamento.
Não ligo pra roupa de marca, mas também não compro qualquer coisa só por ser barato. Preocupo-me em sempre estar vestindo uma boa beca. Além do mais gasto muito dinheiro com perfumes e com medicamentos para as espinhas. Na academia, tento sempre manter a saúde em primeiro lugar – tenho um pequeno problema cardíaco, nada de mais, mas preciso de exercícios aeróbicos –, entretanto não posso negar que a estética também é um objetivo. Também já não posso contar quantas meninas legais que eu dei fora por não serem bonitas o bastante, ou quantas garotas lindas que fiquei as quais eram muito mais bonitas com um sapato na boca, pra não dizer outra coisa. Quase sempre me arrependi.


Disse anteriormente pior parte, pois mesmo sabendo de tudo isso, compactuo com a tal ditadura. E o faço, porque lutar contra isso é inútil, e ignorar é besteira. Não dá pra achar que eu sozinho vou mudar a cabeça das pessoas no mundo todo. No máximo posso escrever sobre isso num blog qualquer para alguns poucos leitores. Tudo que eu poderia fazer é ignorar isso, largar todas essas bobagens, afinal, não devo nada para ninguém. Será?

Todos e tudo a sua volta sempre esperam e cobram algo de você, e um dia ou outro você também vai esperar ou cobr
ar algo de alguém ou alguma coisa a sua volta, não dá para ignorar isso, então, pensar daquela forma mais atrapalha do que ajuda. Aí podemos incluir a sociedade. Ela cobra o ótimo de você, e você precisa das pessoas que fazem parte dela de uma forma ou de outra. Em outras palavras, é preciso jogar o jogo dela. Se não preciso, ao menos conveniente.

“Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria, era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém”

Legião Urbana


Mas uma coisa eu sei. Não sou, não serei e nem pretendo ser "mala". Aqui em Ibitinga, diz-se mala aquela pessoa que pensa ser superior as outras justamente pela sua ostentção e busca incessante pelo ótimo excessivas e valorizam essas características. A ditadura do ótimo explica a existência de pessoas assim, mas não as justifica.

Apesar de tudo, me satisfaz saber que conhecendo esse processo posso usufruir dele, sabendo defender-me. Sabendo até que ponto buscar uma aparência melhor é saudável ou necessário. Sabendo que o ser humano não é essa carcaça que se mostra, somos entranhas, vísceras, corações, almas, mentes. Que se pode encontrar muito mais atrás do espelho. Que mergulhando abaixo da superfície se pode encontrar muito mais. Ou muito menos. E posso portanto, procurar nas outras pessoas -- e em mim também -- o que elas são e não apenas o que parecem ser.
E isso é o que me fez compartilhar esse pensamento.

Segunda-feira volto pra academia.

PS: esse post foi alterado com o propósito de deixá-lo mais claro. Espero ter funcionado.

4 comentários:

Unknown disse...

musculacao é o melhor exercicio pra envelhecer com saude
algumas coisas:
-vc se contradisse no meio e nao ficou claro o que realmente acredita e o que se conforma.
-vc de novo fala no meio do texto q sua opiniao nao importa muito, q seu blog ninguem le.. nao pode ficar desfazendo seu texto nele mesmo, ele perde toda força.
-eu tenho o costume tb de insultar as ex's no blog e só apanho por isso, cuidado

Ana Thalita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Thalita disse...

Compreendo...
Também acho importante cobrarmos de nós mesmos uma boa aparência, só que com uma diferença:
Não precisa viver numa ditadura (do ótimo, por exemplo)...
A busca incessante por isso, faz tornarmos cada vez mais iguais...se é que me entende.
Penso que valorizar nossos pontos fortes seja suficiente para que os outros (pontos)não se tornem um problema...
Só basta estar ótimo.

P.S: Não considere isso uma crítica, mas uma outra visão do assunto.

Mercia Marques disse...

- Nossa, como é a vida, cara! Eu sei que nem conheço você e tal, nunca te vi, nem sabia da sua existência.. Mas, te vi entre meus amigos recentes do orkut, dai fui ver quem era pra ver se conhecia e tal, daí li seu perfil, achei muito legal o texto, bem interessante, daí visitei teu blog, e simplesmente adorei. Nossa, como se expressa bem! Escreve tão bem... Nossa, esse texto foi o que mais me interessou, você conseguiu escrever quase que uma tradução de tudo o que eu penso, a tal "ditadura do ótimo", é incrível como você descreveu, mostrou seu pensamento e tal no post, enfim, mas parece que tu entrou na minha cabeça ou algo do tipo ksamlksamla sei lá, parece meio estranho você vendo assim e tal, que garota é essa?! Nem conheço e tal.. Mas cara, é incrível, nunca li um texto que tanto se parecesse com minha forma de pensar.. Nossa, parabéns! Adorei muito seus textos. Espero que continue postando! Seu blog tá nos meus favoritos >.< alksmlsak Beijos!