sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Nicholas era mais velho que o pecado e sua barba não podia ficar mais branca. Ele queria morrer.

Os anões nativos das cavernas do Ártico não falavam sua língua, mas chilreavam na deles e realizavam rituais incompreensíveis quando não estavam trabalhando nas fábricas.

Uma vez por ano, forçavam-no, aos prantos e sob protestos, pela Noite Sem Fim. Durante a jornada, permaneceria ao lado de cada criança do mundo, deixando um dos presentes invisíveis dos anões ao pé da cama.

As crianças dormiam, congeladas no tempo.

Ele invejava Prometeu e Loki, Sísifo e Judas. Seu castigo era mais sombrio.

Ho.
Ho.
Ho.

- Neil Gaiman

Gosto desse conto do Neil Gaiman, pois o acho iconoclasta.

Quer ouvir outro?

Era uma vez uma festa pagã que cultuava o Deus Sol, o cristianismo viu e disse:

--Nossa, que festa legal, podemos aproveitá-la. Põe o Menino Jesus ali no cantinho do Sol. Isso, agora põe ele ali junto com o Sol. Aí, não, calma, diminui um pouco o Sol. Isso, agora aumenta o Menino Jesus. Pronto, agora tira o Sol, deixa só ele.

Passa o tempo, vem o capitalismo e diz:

--Nossa, que festa legal, podemos aproveitá-la. Põe o Papai Noel ali no cantinho do Menino Jesus. Isso, agora põe ele ali junto com o Menino Jesus. Aí, não, calma, diminui um pouco o Menino Jesus. Isso, agora aumenta o Papai Noel. Pronto, agora tira o Menino Jesus, deixa só ele.

Todos comemoram e trocam presentes.

Tudo bem, eu sei que não foi muito criativo, nem muito engraçado e muito menos de bom gosto, mas é uma forma de ver as coisas.

Não pensem com isso, que eu criei este post para falar mal do Natal, dizer que eu odeio a data e que não passa de uma convenção capitalista onde as pessoas consomem de forma quase compulsória e tantas outras coisas comuns de se escutar. Pelo contrário, gosto do Natal.

É que dizem muito sobre o Natal, dizem que é data de reconciliação, de fraternidade, de solidariedade e desejar o bem ao próximo. Eu não me sinto mais caridoso no Natal, nem mais inclinado a perdoar ou ajudar. Nem tampouco me lembro mais de Cristo do que o de costume. Acho todos esses sentimentos muito bonitos, mas não são para serem lembrados uma vez por ano. Deviam fazer parte do nosso dia-a-dia, da nossa cultura e serem lembrados todos os dias, não só nessa data.

Gosto do Natal porque é uma ótima oportunidade para rever alguns parentes, para dar e receber presentes, para ouvir e desejar um Feliz Natal – é bom desejar coisas boas a quem merece e é bom receber tais votos – e porque as cidades ficam enfeitadas, é bonito de se ver. Só por isso.

Só criei mesmo esse post para desejar a todos um FELIZ NATAL sem demagogias.


E caso não voltar a escrever, um próspero Ano Novo também.

sábado, 1 de novembro de 2008

Um Lamento

Venho, um pouco atrasado é certo, comentar sobre um fato ocorrido recentemente no país.
Demorei um tanto a fazê-lo por dois motivos : o primeiro, é que não quis me precipitar, esperei o desfecho, esperei o pronunciamento de pessoas que trabalham com o isso para poder ter uma opinião bem formada sobre o assunto, e o segundo, e talvez principal, foi a falta de tempo para escrever.
Nunca fui uma pessoa alienada, mas é fato que ninguém viu ainda por aqui abordagem sobre questões sociais. Acho que por ainda estar receoso; a experiência de escrever publicamente -- mesmo que de maneira modesta, para poucos amigos -- é nova para mim, mas agora já me sinto seguro o bastante para trazer a este blog tais discussões.
Sem mais demora, o assunto que gostaria de tratar nesse post é o caso do seqüestro em Santo André, não ele em si, mas pretendo resgatá-lo para fazer outras reflexões.

Acho que qualquer comentário sobre o que ocorreu faz-se desnecessário, uma vez que o estardalhaço midiático criado em cima do caso acabou por deixar todos, mesmo aqueles que não se interessaram e não pretendiam acompanhar tal fato, informados.
Não vou falar sobre o que aconteceu. Também não vou falar sobre minha revolta e insatisfação com a questão da segurança (ou seria insegurança?) pública do país pois, afinal, são assuntos conhecidos de todos e não quero cair na mesmice.

Sobre a ação da polícia, um breve comentário:
Ela foi precipitada e errou. Devolver a refém liberta ao cativeiro é algo inconcebível. Não quero entrar na polêmica do “houve ou não houve um tiro antes da invasão?”, pois isso não muda em nada a responsabilidade da polícia no triste desfecho do caso. Errou e ponto.
Tenho escutado constantemente coisas do tipo “porque um atirador de elite não matou logo de vez o seqüestrador?” , “se fosse nos EUA tinha sido diferente, lá eles matam mesmo” ou apoio à declaração do Cap. Pimentel ( ex-BOPE) que se dependesse dele a polícia não invadiria o local sem armas letais.
Tenho escutado isso, inclusive, de pessoas cuja opinião eu respeito, mas não concordo por um simples motivo:
O Estado deve zelar pelo bem estar do cidadão e tem responsabilidade sobre a formação, saúde e integridade física dele, torne-se ele um criminoso ou não.
Até os disparos que tiraram a vida de uma garota e feriram a outra, o seqüestrador não havia feito menção efetiva de atirar, portanto o não uso de um atirador de elite no caso foi sim, correto. Claro que um disparo certeiro em Lindemberg teria evitado a morte de Eloá, mas quem poderia prever que o desfecho seria esse?
Para ser mais claro, a ação da polícia deve sempre visar a integridade das vítimas, primeiramente, é óbvio, mas também do seqüestrador, e foi nesse sentido que a polícia tentou agir. Infelizmente, sem sucesso.

Não quero levar muito mais adiante essa discussão porque a mídia já a explorou tanto que acho que todos já estão mais do que fartos dela.
O que eu pretendo abordar aqui é algo que na mídia não se tem visto, pois diz respeito a ela e a sua ação.
Algo tem sido discutido sobre isso entre a elite pensante, é possível encontrar alguma coisa sobre o assunto na internet ( gosto muito do
http://www.observatoriodaimprensa.com.br ), mas é uma pena que esse tipo de discussão não chegue as grandes massas, que têm a mídia como principal fonte de informação e principal formadora de opinião.
Mas é compreensível. Que interesse teriam as redes de rádio e TV em discutir sua própria forma de agir e suas responsabilidades?

Pra começar, gostaria de dizer que o que se viu nos últimos dias foi, no mínimo, deplorável. Esse show do horror proporcionado pela transmissão do seqüestro quase que 24hrs por dia é não só de uma irresponsabilidade imensurável como repugnante. Ver boa parte da nação esperando o fim do caso como quem espera o último capítulo de uma novela me deixa revoltado e triste ao mesmo tempo.
Em nenhum país que se preze um seqüestro é transmitido. Será que ninguém percebeu ainda que esse tipo de coisa só atrapalha a polícia e as pessoas realmente interessadas em resolver a situação? O número de operações fracassadas do GOE é muito baixo para os padrões brasileiros. Por que falhou nessa? Coincidência?
A pressão exacerbada que a opinião pública exerce em casos como esse sobre governos e Estados gera, por vezes, soluções improvisadas que quase sempre se mostram desastrosas. Quer outro exemplo que não seja o caso Eloá? Em 2005, se não me engano, um policial do BOPE ao tentar matar um seqüestrador atingiu a vítima e a matou.
Logo virá outro caso parecido com esse. E aí? O que vamos fazer? Comprar pipocas e acompanhar outra tragédia?
Talvez estivesse na hora dopapel da mídia ser repensado e suas responsabilidades também. Não pretendo dar aqui soluções, pois não as tenho, mas vale a pena pensar no assunto.
Bom, era isso que eu queria lembrar sobre o caso. Não acho que a mídia foi a grande responsável por tudo que ocorreu, mas sei que ela tem sua parcela de culpa, e queria, com esse post, fazer com que não nos esqueçamos disso.





PS: Não pensem que por tudo que escrevi eu acredite que esse tipo de coisa só ocorre no Brasil porque o país é uma merda e que a Rede Globo é uma emissora atipicamente má e todas essas coisas que ouvimos em conversa de boteco.
O que ocorreu aqui ocorre também em outros países, – obviamente na Inglaterra, França ou em outros Estados onde a mídia é mais responsável e melhor fiscalizada uma transmissão como essa não ocorreria, mas acontecem coisas similares – mas não com tal intensidade. Esse é um fenômeno recente e mundial.
Outro ponto é que o fenômeno não tem efeito apenas imediato. Quero dizer no sentido de que esse sentimento de que “algo deve ser feito” não aparece apenas em casos como o seqüestro de Santo André, mas pode aparecer em longo prazo e ficar incrustado na sociedade.
Logicamente essa revolta deve existir, afinal as coisas quando estão mal devem ser mudadas, porém isso do “algo tem que ser feito” sem a reflexão da sociedade como um todo de o que seria esse “algo” e como ele seria “feito” gera medidas improvisadas e equivocadas também nos planos de certos governos.
Um exemplo do que digo aqui é a ocupação dos morros cariocas pelo exército que culminou com confrontos e até morte de jovens inocentes no começo desse ano.
Em casos como esse, os governos, pressionados pelo povo e pela mídia, sentem-se forçados a mostrar que “estão fazendo algo” sem se preocuparem se esse algo vai resolver o problema ou piorá-lo, o importante é fazê-lo para garantir a próxima eleição.
Tudo tem que ser pensado e refletido, não só pelos governantes, mas também pelo povo. A mídia tem força para ajudar nisso, mas não o tem feito. Infelizmente, tudo o que se tem visto por parte da mídia são casos como o de Santo André, que não geram qualquer reflexão e só aumentam esse sentimento de que “algo tem que ser feito”.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Do escrever

Finalmente volto a escrever, não vou dizer que foi por falta de tempo pois, mesmo tendo dia corridos ultimamente, tive sim, oportunidades pra escrever, mas não o fiz.
Semana passada um amigo perguntou se não voltaria a postar aqui, disse que iria sim, mas no momento andava sem inspiração, respondi sem pensar. Disse-me mais algumas palavras e eu apenas concordei sem me ater ao que ele falava, pois dali em diante passei a me indagar sobre o que eu havia dito sem pensar.


Dessas indagações surgiu esse texto, decidi falar sobre o ato de escrever em si.
Poderia comentar sobre várias outras coisas. Comemorei meu vigésimo aniversário recentemente, mas falar sobre ele me remeteria a passagem de tempo, a lembranças, à vida em si, coisas que já tratei por aqui. Não quero ser repetitivo. Há, também, coisas boas acontecendo na minha vida, e coisas ruins, mas tratarei delas outra hora. Vamos à metalinguagem.


Falava de inspiração, bom, vamos lá. Quando disse que respondi sem pensar àquela pergunta disse porque todas as vezes que escrevi por aqui não me senti lá muito inspirado, aliás, nem mesmo nunca tinha parado pra pensar bem no significado dessa palavra ou quanto ela contribui para a composição de qualquer coisa.
Sem um dicionário à mão recorri a um dicionário online:

ins.pi.ra.ção
sf (lat inspiratione) 1 Ato ou efeito de inspirar ou de ser inspirado. 2 Coisa inspirada. 3 Coisa ou pessoa que inspira. 4 Sugestão, insinuação, conselho. 5 Sugestão de origem transcendente ou psíquica, ou de qualquer objeto que tem virtude genética sobre o artista para o excitar à produção e lha orientar. 6 Estro, força inspiradora. 7 A marca do gênio ou do talento na obra do artista. 8 Mús Pausa que dura a quarta parte de um compasso. 9 Fisiol Movimento de dilatação da cavidade torácica, que tem como conseqüência a entrada de ar para os pulmões.

Não ajudou muito, afinal, dicionários são instrumentos demasiado cartesianos para explicar algo tão subjetivo, então vamos tentar de uma outra forma.

Os poetas antigos pediam inspiração às ninfas, aos deuses, outros tantos pediram ao mar, ao céu, às estrelas. Eu mesmo nunca a pedi a nenhum desses entes – ok, reconheço que não sou nenhum grande escritor e estou descrevendo um território que conheço pouco, porém já tenho uma pequena experiência em leitura e escrita que me permite ao menos formar uma opinião e pretendo expô-la aqui – e nem tampouco acredito que ela seja algo a nós concebido por esses entes, ou de origem transcendente como dito no dicionário. Muito menos que seja uma dama de vermelho que nos visita quando bem entende e vai embora sem nem ao menos dizer adeus. Acho que é, na verdade, algo muito mais simples e acessível. Mas o que é então? Antes de dizer o que penso sobre isso gostaria de abordar um outro fator tão ou mais importante do que a inspiração em si: o esforço, que aqui vou chamar de esforço literário.

Um bom texto tem que ser trabalhado, e muito bem trabalhado, e não sou só eu, pseudo-escritor, que o digo, pergunte a qualquer escritor de verdade que conheça.


-- A você o que parece?
-- Ah, uma mulher e uma bicicleta.
-- Hmm, bom, mas só isso? Dá pra dizer mais, não dá?
-- Pô, tem uma ilha, uma ponte, deve ser o mar ali, sei lá, cara.
-- Muito superficial. Não dá pra se esforçar mais?
-- Ah, sei lá veio, onde você ta querendo chegar que eu não entendi ainda?
--Perae, já te mostro.

-- E essa aqui?
-- Mano, o que você quer com isso?
-- Vai lá, tenta, o que você tá vendo?
-- Uma mulher, na chuva, ela é bonita, parece pelo menos, é que ta meio de lado não dá pra ver direito, e tá rindo.
-- Olha só, eu vou tentar, aí você me diz o que achou.
-- Belê.
-- Naquela noite a chuva não a incomodou, parecia nem reparar nas gotas que caiam e produziam na pele, primeiramente um impacto, e depois carícias ao escorrerem por todo o corpo. Tudo o que queria era aproveitar o momento, rir despreocupada, nunca se sentira tão bem. Por tempos permaneceu distante, amando em silêncio, a coragem não a deixou tomar atitude, mas tudo acabou acontecendo. Como perderam tanto tempo esperando se ambos tinham um amor correspondido? Agora não importava mais, o que importava era que estavam juntos. O beijo tímido foi curto, ele não ousou entrar, mas o que importa? Foi um beijo e selava-se ali o início uma grande história. Ela esperou ele ir embora e saiu a caminhar, sem se importar com a chuva, rindo-se. Desfrutando a felicidade que só a chegada daquilo que tanto esperamos pode nos proporcionar e convicta de que a felicidade não é um eco.
E aí?
-- Foi gay. HAuhauhaua

-- Ah, vai se foder. Huhahuahua.
--Zoeira, cara, ficou bom.


Quando falei sobre o esforço literário, falei sério, até aqui gastei exato cem minutos e ainda estou longe de terminar o post que, ainda sim, estará longe de genial.
Mas é assim? Só isso? Simples assim?Sentar, se esforçar e um grande texto sai? Não, afirmá-lo seria tirar toda a grandiosidade dos bons escritores, não é só isso, apenas esforço, e aí, entra o papo de inspiração.

Não é qualquer um que pode escrever uma grande obra, só com esforço. Se fosse assim eu já teria minha obra-prima. Quem sabe um dia eu consigo? Hahahaha.
Quem não tem uma experiência de leitura não escreve. Conheço várias pessoas já com a minha idade e se leram mais de 10 livros na vida toda é muita coisa. Pergunte a Saramago quantos livros ele leu e vai ter uma idéia do que eu quero dizer.
Então é isso? Ler bastante e escrever bastante?
Não, se fosse assim todos advogados, jornalistas, e profissionais das humanas seriam Machados, Clarices, Drumondes...
Tem que ter experiência de vida.

Quem nunca amou ou presenciou o amor não escreve bem sobre o amor, quem nunca odiou ou presenciou o ódio não escreve bem sobre o ódio. E quando eu digo presenciar digo tanto na vida real, como nos livros, nos filmes, nas pinturas ou em estórias (eu sei, agora tudo é história, mas continuarei grafando estória, um dia digo o porquê disso) contadas.
Alugue um filme romântico e verá: todas as garotas choram, mas os rapazes permanecem sem uma lágrima sequer no rosto. Isso porque 90% dos filmes românticos retratam a visão feminina do amor, que é bem diferente da masculina, por isso não nos toca.

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...


E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Olavo Bilac

Com tudo isso e mais uma boa dose de talento, têm se um bom texto.
E a inspiração? Onde entra?
Pra mim a inspiração é isto: tudo que vivemos, tudo que experimentamos na vida, todos sentimentos, sensações.
Se não tivesse andado solitário naquela noite em Ribeirão Preto, provavelmente não teria escrito o meu último post. Se me disseres que isso é inspiração então acreditarei, porém em nenhum momento tive de pedi-la para as ninfas ou qualquer coisa do tipo, apenas tive de em um dia andar pelo centro e em um outro sentar, e gastar algumas horas escrevendo. Só isso.


-- E aí? Quer tentar denovo?
-- Não sei se adianta
-- Tenta lá, pô.
--Beleza. Acho que ela tava indo pra ilha, mas meio que não sabe se vai ou fica. As vezes eu sinto isso quando eu não sei direito como as coisas vão ser.
--Tipo, ela não sabe o que vai encontrar na ilha?
--Isso, por isso tá relutante.
--Ae ó, ta melhorando.
--Essa ilha aí pode ser qualquer coisa, qualquer coisa a que a gente tá indo, mas ainda tem receio, e a ponte é a passagem. Sempre quando a gente vai pra algum lugar novo dá medo, a gente pára na frente da ponte, mas depois que dá o primeiro passo fica mais fácil, a gente sabe disso, mas mesmo assim tem medo.
-- Olha só, cara, não falei que dava pra fazer melhor?
-- Só é, pode crer. Ahuauhua. E também tem a bicicleta, que é a vontade dela de mudar de fugir de onde ela tava, ela vai conseguir, é só passar essa hesitação e subir na bicicleta. Ae, não é que eu gostei da brincadeira...
--Viu,agora é só sentar e parar pra pensar que dá pra escrever um belo texto, não dá?
--Só dá, boto fé.


E tu? Tens tido inspiração.
Ela tem me visitado, tenho-a portanto.
E sobre o que poderias escrever?
Voltemos a um banco de praça...

sábado, 6 de setembro de 2008

Passeio Noturno

Não, esse post não tem nada a ver com a obra de Rubem Alves, o nome é mera coincidência. Ontem a noite não estava muito boa, nada pra fazer. Voltando pra casa senti vontade de deixar o carro e andar a pé pela cidade. Não o fiz, preferi dormir.
Acho que essa vontade me veio por culpa de uma noite na cidade de Ribeirão Preto.

Voltava pra casa, o caminho era curto, mas faço um desvio. O porquê eu não sei, mas tive vontade. Talvez fosse por estar levemente embriagado, talvez fosse pelo fato do clima estar agradável -- gosto do calor dessa cidade-- ou talvez e muito provavelmente, sem motivo algum.
As ruas bem iluminadas -- não eram, mas época de eleição tudo muda – e o cheiro que só cidade canavieira tem, misturado ao agradável perfume de jasmins plantadas pela prefeitura. A típica fragrância ribeirão pretana, jasmim com vinhoto.
Lembro-me que não é algo muito inteligente o que fazia. O centro tem sido palco de alguns assaltos, mas as ruas estavam desertas e ainda não haviam me levado nada, concluo que estou com sorte e prossigo. Mais à frente dois rapazes morenos, não bem vestidos como eu seguem no sentido contrário, achei que minha sorte tinha acabado. Puro preconceito, passam reto.
As ruas do centro são belas, algumas delas pelo menos. Misturam passado e modernidade. O café se foi, mas deixou muita coisa. A Antártica, o Pingüim, o D. Pedro II, uma praça, e alguns prédios de arquitetura antiga, um datado de 1927.
O Dr. Lingüiça está fechado.

Ah, a praça, o teatro e o pingüim, patrimônios culturais dessa cidade que já posso chamar de minha. Sento-me em um banco qualquer, ali há mais movimento.Uma senhora me pergunta as horas. Respondo polidamente que não sei. Na verdade não queria saber, não queria me preocupar com o tempo, pois o celular estava no bolso, bastava olhar.
Olho o o Pinguim. Não estava tão cheio quanto de costume, já devia ser tarde, aposto que a cozinha já tinha fechado. Chama-me atenção uma cena.
Quatro senhores bebem chope, deviam estar na faixa dos 50 anos. Imagino que são amigos de infância e bebem junto há muito tempo. Vejo o copo de cada um ser elevado e ir à boca, a garganta deglute levemente. Incomoda-me a visão. Será que estarei lá daqui a 30 anos? O pingüim vai estar? Mais e eu? Talvez não, mudam-se as cidades, mudam-se os amigos. Há muito tempo não bebo chope com meus amigos de infância.
Os quatro riem, naturalmente alegres, sincronizadamente alegres, cuidadosamente alegres, dosadamente alegres, artificialmente alegres. E eu assisto. Até quando vão rir? Até quando aquelas paredes verão eles rindo? Outros rindo? E eu? Até quando vou estar nesse banco? Até quando verei os outros rirem?
Bebam chope meninos, bebam chope, há demasiada metafísica nisso.

Ah, o vento esconde o calor de Ribeirão. Fecho os olhos, sinto a brisa, sinto-me livre. Abro os olhos e vejo um casal. Parecem felizes. Volto a me sentir bem, poderia haver ali alguém pra compartilhar o momento. Não sei se o momento era bom, acho que era eu que estava muito poético, mas seria bom compartilhá-lo. O casal permanece em silêncio, aquele silêncio que agrada só às pessoas quais ele não mais pode constranger. Adoro minha liberdade, mas queria um silêncio assim.

Os senhores ainda bebem, o casal entrelaça as mãos e eu olho pra cima. Não posso ver as estrelas, as luzes fortes me impedem.

Ninguém se sentou ao meu lado, acho que a sensação daquela noite era só pra mim. Quando alguém se sentará? Estarei pronto pra aceitar, ou me levantarei?

Não sei. Me levanto, o banco fica vago. Um sorriso me vem ao rosto. Sou livre. Ainda encontrarei mais senhores, mas casais, beberei mais chopes, farei mais amigos, visitarei mais pingüins e me sentarei em mais bancos.Volto pra casa, a volta é menos poética, o sono me incomoda.
Amanhã é outro dia.
Será que o Dr. Lingüiça vai estar aberto? Quero um lanche.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Tia, tia, olha o que eu desenhei!

Obs: clica na imagem que ela amplia

sábado, 9 de agosto de 2008

Desarmado...



Um mago, todo de branco, espada reluzente. Um cavaleiro honrado, armadura imponente. Derrotar o dragão, salvar a princesa, destruir o anel...

Por que tais coisas sempre povoaram minha mente? Na tela do computador ou da TV.
“Gigante guerreiro Daileon!”, “Thunder, thunder, thundercats, Hooooooo!”, “Hasta la vista, baby”. Tudo isso impressionava e, por vezes, ainda impressiona.
Por que a vida deles é diferente? Mais atraente?
Talvez sejam as aventuras, o suspense, a expectativa.




"O corredor era estreito, sentia-se o cheiro de umidade, a terra batida sob os pés, o vento frio que vinha na direção contrária e tocava o rosto deixava as raras e espaçadas tochas — sinais de que havia alguém mais por ali — trêmulas. As imagens das chamas dançavam na parede uma estranha valsa. Tudo o que ele ouvia por ali era sua própria respiração. Os ouvidos apurados, os olhos cerrados e a pupila dilatada nada mais percebiam. As pedras nas paredes, coberta por musgos e liquens, seguras por vigas de madeira quase destruídas pela umidade, subiam e formavam um arco no teto, pareciam querer enclausurá-lo, sufocá-lo, mas ele seguia, pé após pé, enfrentava o silêncio e a escuridão, que nunca pareceram tão intimidadores. Enfim, chega a uma porta, rústica, velha, entreaberta, por onde soprava o vento. Aqueles poucos metros pareceram quilômetros, mas terminaram, porém, e agora, quem sabe o que se encontra atrás daquela porta?"



Sim, contribui bastante, mas ainda não é só isso, há algo mais.

Constantemente a TV nos mostra heróis da vida real. O bombeiro que salvou uma senhora, o homem que salvou um menino do buraco, o menino deficiente que venceu as olimpíadas de matemática e até os próprios heróis olímpicos. Mas por que não têm a mesma graça? Por que a fantasia parece sempre atrair mais do que a realidade?
Talvez porque lá, na fantasia, os objetivos sempre são grandiosos, sempre há uma árdua batalha a ser travada, porque eles têm ideais, porque o destino de muitas pessoas está em jogo e porque eles podem mudá-lo.


"Um leve empurrão e a porta se abre lentamente. O ranger provocado pelo abrir provoca-lhe um arrepio, como se o som entrasse pelos ouvidos, e percorresse toda a sua coluna. Uma grande sala. Vê-se um candelabro aceso, janelas abertas, cortinas velhas e rasgadas que esvoaçavam ao sabor do vento. Um chão de pedras, tal qual paredes e tetos, cadeiras quebradas, mesas velhas, teias de aranha. Um rato corre pela sala e o grunhido do animal ecoa por aquelas paredes. Faz-se silêncio novamente, apenas a respiração do herói.
De súbito, o mórbido silêncio é quebrado.
Uma voz de mulher, um grito. Mais gritos, desesperados, pede por ajuda.

É ela, definitivamente é ela! A princesa, o destino do reino em jogo, e ele tão próximo agora.
Tudo que passou para encontrá-la valeu a pena, ainda está viva!
A filha do rei, a mulher que amava em silêncio, a esperança do povo, está tão próxima e, agora, somente ele pode salvá-la. O coração dispara, a pupila dilata, a respiração torna-se ofegante. Desembainha sua espada e corre desesperadamente até a outra porta. Abre-a com força, entra correndo e..."






Bom, acho que é isso. Apesar de que no nosso mundo há, sim, ideais, não são como lá.

Talvez esteja errado, mas é que a mim, parecem tão distantes, tão inúteis, tão etéreos.
No primeiro e segundo ano, encantei-me pelo socialismo, as teorias de esquerda, anarquismo, mas logo me desencantei.

A esquerda está morta, não acreditara quando me disseram. Hoje eu acredito.
Acreditava que meu voto era instrumento para mudar meu país, e tão cedo começada a vida política, tão cedo já começo a desacreditar.
Mas veja quantas coisas erradas, quanta injustiça, quanta miséria, quanta fome. Algo deve ser feito.

Mas o quê? Que ideais tenho que seguir? Que heróis? Onde eles estão?Por que aqueles heróis não saem da fantasia? Por que não podem resolver tudo aqui na realidade?

"... Abre-a com força, entra correndo e vê-se numa outra sala. Uma sala fechada, sem portas, sem janelas, sem luz. E ainda a voz, o pedido de socorro.
Na escuridão, tateia as paredes em busca de achar uma saída, em vão, clama pela amada e ela ainda grita, desesperadamente.Golpeia as paredes, o chão, desespera-se, mas é em vão, nada pode ser feito.
Onde está o dragão a ser derrotado? Onde está a princesa a ser salva? Ele ouvia ainda os gritos, mas estava incapaz de agir.

Passaram-se dias, meses, anos e a busca por uma saída tornava-se cada vez mais inútil.
Por fim, o cavaleiro, exausto, senta-se no chão. Os gritos estão ali, mas não o incomodam mais. Solta sua espada e permanece onde está. Envelhece ali, sentado, derrotado.
Até que um dia, já velho, definha e morre, ainda pode ouvir os gritos, porém não há nada a ser feito.

Foi vencido pelo pior inimigo que já enfrentara."
“E agora José?”

domingo, 20 de julho de 2008

Sobre Encontros, Desencontros e Saudades...

Fim de férias sempre me deixou triste e contente ao mesmo tempo, e ultimamente tem me feito pensar sobre algumas coisas. Para compartilhar esses pensamentos, resolvi escrever esse terceiro post – não vão acostumando pois, me conhecendo bem, sei que 3 posts em pouco mais de uma semana é coisa que dificilmente verão por aqui.

Sobre essas últimas, não tenho do que reclamar, muitas coisas boas aconteceram, e pouquíssimas desagradáveis. Seguiram como, felizmente, tudo tem andado para mim ultimamente.

Na minha infância, férias sempre representaram ir ver os parentes e passá-las em Ibitinga e em Novo Horizonte, o que me agradava, uma vez que era oportunidade rara de rever alguns entes queridos, primos e muitos outros familiares. Ao chegar ao fim, ficava contente por poder voltar pra São José dos Campos, mas triste por saber que a próxima oportunidade de estar na região onde, hoje, eu moro, só viria com as próximas férias. Anos depois me mudei pra cá, e o mesmo ocorria, mas sendo minha cidade natal o destino das férias e ocorrendo com menos freqüência.Nos dois últimos anos, as férias do Coc têm representado deixar a vida em Ribeirão e ter uma oportunidade para rever amigos que estão, em geral, fazendo facul e morando fora, e ao chegar o fim, ainda o sentimento de tristeza e alegria.

Foi relembrar as férias dos últimos quatro, principalmente os dois últimos anos, que me fizeram vir a mente os pensamentos aos quais me referi.
Não sou de reclamar ou lamentar, e dificilmente verão tais atos por aqui, porém o que virá a seguir será uma dessas exceções. Gostaria de estar mais em São José dos Campos, de estar mais em Novo Horizonte, de passar mais finais de
semana em Ibitinga, de passar mais finais de semana em Ribeirão, de poder passar todo o tempo que gostaria ao lado das pessoas que são importantes pra mim. Mudar-me de cidade duas vezes me fez deixar pra trás muitos amigos, muitos casos, alguns amores e muitas lembranças. Calma, não pretendo parecer pseudo-depressivo, afinal, esse processo é relativamente doloroso, entretanto deu-me oportunidade de amadurecer e conhecer novas pessoas que, por mais que a vida leve pra longe de mim sei que permanecerão comigo. Quem nunca ficou anos sem rever aquele bom amigo, e quando o reencontra a conversa flui como se fossem duas pessoas que nunca se separaram?A vida é sempre tão cheia de obrigações, de afazeres, de empecilhos, de poréns que, muitas vezes, acaba nos levando à sua própria vontade. Vamos navegando nesse mar, com mastro, vela e timão, porém sem um mapa e sem poder prever quando os ventos estarão calmos ou quando enfrentaremos uma tempestade.

Ainda que tudo isso seja complicado, quando olhamos para os lugares interessantes a que chegamos, para as pessoas interessantes que encontramos, esse processo passa de doloroso a agradável.
Acho que saber perceber, aceitar e tirar proveito disso é uma forma de amadurecimento.

Sim, tirar proveito sim. Aquelas noites jogando bola, aquelas tardes na piscina do Top, no Colinas ou no Portal da Serra, aquelas tardes de churrasco, aquelas noitadas, aquele beijo, essa estima, essas lembranças, isso, ninguém me tira. E ainda, quem sabe o que virá? Quem sabe quantas pessoas e lugares novos conhecerei? Quantas novas lembranças terei? O que a vida ainda me dará? Isso me dá vontade de continuar navegando

“Who knows where the wind of time blows, and which places will life take us all?"

trecho de uma canção a um amigo distante.

Não sei o que seria da minha vida se nunca tivesse me mudado, como desejei naquela tarde quando meu pai anunciara a mudança. Não sei o que seria da minha vida sem as pessoas que conheci em Ibitinga ou em Ribeirão. Hoje eu agradeço por ela ter me trazido onde me trouxe, mas lamento não ter todos aqueles que estimo ao meu lado.


No fim do ano vêm os vestibulares, e a possibilidade de deixar Ribeirão Preto, cidade que me proporcionou muitos momentos que não vou esquecer. Além disso, sala de cursinho, muitos passam e cada um vai pro seu lado, fica difícil rever todos, o que me conforta é saber que mesmo com a distância a amizade permanece.

Se me mudar novamente, sentirei saudade de todo o pessoal, do Coc, do meu apartamento (do seu Raul não... hahahahah), das festas e tudo mais. Mas sei que poderei experimentar outros bons momentos em outro lugar, e que sempre terei estima por essas pessoas que marcaram minha vida, e que o sentimento será recípocro.

De qualquer forma, ao menos mais seis meses ainda me restam naquela cidade, então pretendo curtir o máximo possível, sem esquecer os estudos, afinal tenho um objetivo.

“Não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo que há pra viver”
Lulu Santos

Isso é tudo, não sei se pude ser bem claro, mas espero que sim. Resta a penas desejar:
Bom restante de férias a todos e um grande abraço, em especial àqueles que estão distantes agora...

domingo, 13 de julho de 2008

Hoje é dia de Rock!!


Estou espantado comigo mesmo. O segundo post veio muito mais rápido do que eu esperava. Deve ser por conta daquela euforia que tudo que é novo nos proporciona. Escrever em um blog é algo novo para mim, então acho que estou relativamente entusiasmado com a idéia. Poderia dizer que venho escrever por conta de uma ocasião especial, o que de certa forma não é mentira, mas acredito que não seria 100% verdadeiro. Bateu-me uma vontade de escrever algo, foi isso, principalmente isso, que me fez começar a teclar.

Pra quem não sabe, 13/07 é o dia internacional do Rock, e é sobre isso que eu gostaria de escrever. Não sobre o estilo musical especificamente, afinal é um assunto tão abordado ( inclusive na net) que fica difícil escrever qualquer coisa que seja original.

Rock me remete há muitas coisas, muitas lembranças. Costumava ser bem roqueiro há alguns anos atrás, hoje escuto muitos outros estilos, mas não posso negar que o rock ainda domina a minha playlist.
Lembro me como tudo começou, nos primórdios era Bon Jovi, algo de Guns, uma ou outra coisa de Metallica, mas a paixão começou mesmo em uma noite qualquer de uns 9 anos atrás.
Estava em meu quarto, conversando no ICQ ( alguém ainda se lembra do ICQ?? Hahaha), campainha toca, mamãe abre a porta e um amigo entra, lembro dele ter dito algo do tipo:

-- Cara, vem ver a música que meu irmão baixou!
Atravessamos minha casa, o hall -- éramos vizinhos-- um corredor, uma cozinha e enfim a salinha do PC. Tocava Angra, mais especificamente Carry On.
Ficamos estarrecidos com os riffs e solos rápidos, a batera alucinada, e as notas absurdamente altas que o vocal alcançava.De lá pra cá lembro me de muitas outras coisas. Tardes baixando músicas no Napster (outro saudoso programa), noites no Dama Rock – fiquei triste quando soube que fechou – uma batera, duas guitarras, um certo 33E e The Kids Aren’t All Right, Pendragon, ensaiar e depois atravessar o Colinas todo com os instrumentos e ir parar em uma certa casa vermelha, horas intermináveis treinando solos complicados, som pesado no carro em qualquer ocasião – até indo pro pagode – rancho, vodka, rock e lua e tantas outras coisas.

Mas acho que além de tudo isso, o rock me lembra de algo ainda mais importante: ídolos. O que seria de nós se não fossem os nossos ídolos? Poderia citar muitos que fizeram parte da minha vida – com certeza grande parte deles seriam roqueiros – mas não o farei, prefiro deixar que cada pessoa evoque os seus. Ídolos podem ser músicos, esportistas, podem ser inventados, míticos, cinematográficos, podem ser pessoas comuns, podem ser centrados, loucos, conservadores, inovadores, podem estar próximos ou distantes. Mas o que eles tem em comum? De uma maneira ou outra elas sempre acabam influenciando nossa personalidade. Ídolos são a projeção daquilo que queremos ser. Quem nunca se viu no chuveiro, cantando uma música da banda favorita, se imaginando no lugar do vocalista? Meus solos são sempre cheios de expectadores imaginários. Dessa forma, acabamos absorvendo as suas formas de se vestir, pensar, se expressar, se comportar.

Meus ídolos, não quero nunca que desapareçam. Meus ídolos fazem solos impossíveis, alcançam notas inalcançáveis, sabem a importância da sua imagem e a influência que têm sobre as pessoas, meus ídolos são patriotas, meus ídolos são poetas, são loucos, meus ídolos trabalham muito pra dar o melhor pros seus filhos, meus ídolos tomam vodka no Andresa, jogam baralho, tomam cerveja e comem calabresa, bebem chopp no Pinguim. Meus ídolos jogam futebol de sexta-feira, meus ídolos são heróis, são fortes, medrosos, corajosos, meus ídolos lutam por seus ideais, seja-o espalhar a revolução ou sustentar seu lar com dignidade. Meus ídolos envelhecem, meus ídolos morrem, mas suas imagens permanecem, e tudo aquilo que representam também.

Dito tudo, só me resta desejar:

Feliz dia do Rock a todos!!!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Do Porquê

Como começar? Por onde começar? Talvez seja sempre o mais complicado, o início.

Como quando queremos abordar aquela bela mulher, desconhecida e bela, o que primeiro dizer? "Oi"? Muito simples. Perguntar o nome? Tentar uma abordagem mais criativa, fazê-la rir? Fazer parecer natural, ou deixá-la perceber o interesse? Complicado, mas supera-se, e então o papo engrena.
Tudo isso gera um nervosismo, e esse nervosismo é de certa forma excitante.


Bom, sinto-me assim agora. O primeiro post, o primeiro beijo, as pernas tremem... Ok, ok... não é pra tanto... é só um post....

Vinha pensando em o que escrever e achei melhor começar contando o propósito desse blog.

A inventividade humana é incrível. Vejam só onde chegamos, toda a tecnologia, robótica, genética e tudo mais. As vezes eu mesmo, nascido nessa geração high-tech, chego a me espantar com certas coisas. Gostaria de ver a reação de um homem do início do século passado se lhe fosse dito que é possível chegar a Lua.
Pareço muito confuso? Calma, eu ainda chego no ponto.

“Acha que faria um navio navegar contra os ventos acendendo uma fogueira debaixo do convés? Não tenho tempo para tal absurdo”


--Napoleão Bonaparte, sobre o navio a vapor de Robert Fulton.

Sempre ouvi dizer que as invenções nascem da necessidade humana. O homem precisou cultivar, inventou a inchada. Precisou transportar seus produtos, inventou a roda e a carroça, precisou enfrentar seus inimigos, inventou a espada. Às vezes me pergunto se foram apenas essas necessidades práticas que trouxeram nosso conhecimento até aqui. Talvez as criações sirvam também para saciar outra necessidade humana, a necessidade de criar. Se a questão fosse apenas transportar cargas, por que o homem não parou na carroça? Inventou o carro. Se fosse fazer a barba, por que não parou na navalha? Inventou o barbeador elétrico. Se o problema fosse somar e dividir, por que não parar no algoritmo? Inventou a calculadora de bolso. Vencer as dificuldades e tornar a vida mais prática provavelmente tenha sido o principal motivo para nossa civilização ter chegado aonde chegou, mas eu não descarto a parcela de culpa dessa vontade que as pessoas sentem de criar, qualquer coisa que seja. Ao menos, eu sinto.

Enfim, cheguei onde queria, no Blog.

Esse blog nada mais é do que o reflexo dessa vontade de criar que eu sinto, não quero desperdiçar minha criatividade. Pensamentos vêm e vão, e acho ótimo compartilhá-los com outras pessoas.

Outro dia ouvi dizer algo do tipo: “Se dois homens resolvem repartir dois pães, cada um vai embora com um pão, mas se dois homens resolvem dividir duas idéias, ambos vão embora com duas idéias”. Achei interessante, acredito que seja um ditado de algum país, não me lembro bem.
E por que um blog? Gosto de escrever. Nessa de ouvir dizer, alguém me disse que escrever é uma forma de libertação. Deve ser verdade.
Bom, acho que já disse tudo, pretendo atualizá-lo com uma relativa freqüência, sei que sou meio preguiçoso, mas vou tentar ^^.



Abraço a todos.